logo-kanal

De ferro-velho a vizinho folgado, carros abandonados geram transtorno na Capital

Compartilhar

Foram percorridos quatro bairros de Campo Grande para verificar essa situação

 

Cansada da atitude de um vizinho “folgado”, uma moradora do Bairro Los Angeles entrou em contato para reclamar de funilaria que deixa carros para o lado de fora. Na Rua Antônio Luís Pereira, foram encontrados espalhados pelo local cinco cabines de caminhão, três caminhões e três carros de passeio que aparentam estar abandonados.

Morando há 30 anos próximo da funilaria, a professora Ana Célia Farias, de 51 anos, contou que a reclamação é feita por todos os vizinhos, mas afirma: “Ninguém tem coragem de denunciar”. A moradora ainda relata que a situação vem acontecendo há mais de 15 anos.

“Esses dias vim do serviço, não tinha como eu passar porque tinha caminhão parado do lado do que já tá ali, estava atrapalhando a passagem. Eu parei o carro e falei que a rua é pública, mas não pode atrapalhar o ir e vir das pessoas. Aí ele disse: ‘vocês reclamam demais. Se tivesse uma boca de fumo, vocês iriam gostar, agora um trabalhador vocês reclamam’. Não adianta falar nada”, disse.

Ana ainda diz que os veículos trazem risco para quem trafega pela rua à noite, pois acredita que possam ser usados como esconderijo. Ela ainda relata outros transtornos que são causados, como no dia em que uma criança de bicicleta bateu em um caminhão e bateu a cabeça. “Espero que resolva. Que tire esses carros velhos daí. Além do perigo, fica feio. Que ele organize o quintal dele e use o espaço dele para trabalhar, não a rua”.

A técnica de enfermagem Mariane Valdez, de 36 anos, relatou ter sido assaltada no local, pois os veículos reduzem a visibilidade da via. Os assaltantes teriam se escondido atrás dos carros e também se aproveitaram da falta de iluminação que há à noite.

“Eu acho que ele deveria ter um espaço para ele pôr esse caminhão. Estamos no período de seca, mas quando chove junta água. As crianças brincam ali dentro, perigo a lata cortar. Junta de tudo, bandido, água. […] Espero que tire dali. Que ache um lugar. A rua não tem nada. Estética zero”, expressou seu descontentamento.

Camionete foi deixada em frente ao portão da casa de vizinha (Foto: Geniffer Valeriano)

Nada mudou – Em meados do mês de julho, no dia 19, o Campo Grande News noticiou uma situação parecida na Rua São Caetano, que fica no Bairro Vila Sobrinho, em Campo Grande. Após a denúncia realizada, a Semadur (Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social) foi até o local, mas conforme verificado nesta quarta-feira (9), nada mudou.

Um comerciante da região, de 61 anos, conversou com a reportagem e pediu para não ser identificado por medo de sofrer retaliações. Por ter estacionamento em seu comércio, a presença dos carros do vizinho na rua não o atrapalha, mas ele reconhece que gera incômodo em outros moradores.

“Ele não tem onde pôr. Ele gosta de carro velho, tipo esses carros antigos, o C4 é valorizado, né? Os caras param aí para comprar e ele não vende e ele não arruma. Aquela camionete vermelha que é o B.O (sic) porque fica em frente à casa da senhora”, disse.

Ocupando as vagas de estacionamento da via estão quatro carros, que ficam espalhados pela rua. Com pneus furados e até com o para-choque caindo, o idoso relata que nenhum deles tem condições de rodar. “Aquele Tempra andava, mas parou e ele não arrumou mais. A camionete também. Tudo rodava os carros, daí foi batendo, foi estragando e ele encostou aí”.


Lixos se acumulam entre carcaças na Rua Chile (Foto: Geniffer Valeriano)

Mais do mesmo – Outras cenas como essas são facilmente encontradas pela Capital, principalmente perto de empresas que trabalham com esse tipo de veículos. Na região da Vila Progresso, próximo ao Terminal Morenão, há quatro pontos onde as carcaças dos carros foram deixados na rua.

Na Rua Chile, é possível notar pelos lixos acumulados dentro e em volta das estruturas que estão no local há muito tempo. Na Rua Aristóteles, o mesmo acontece, mas a diferença é que os veículos foram deixados na calçada. Por ter muitas empresas de ferro-velho, mecânica e de venda de peças quase uma do lado da outra, fica difícil reconhecer quem é o responsável pela carcaça que está na via.

Pouco mais à frente na Avenida Fábio Zahran, próximo à Rua Zeferino Píres de Freitas, ficam espalhados por um terreno. Ao lado, há uma empresa que mexe com veículos, mas em sua fachada não há nenhuma informação sobre ela.

Seguindo na Avenida Manoel da Costa Lima, logo no início da Rua Pedro Leão, em frente a uma autopeças, a cena novamente volta a se repetir. Para que os pedestres possam transitar por esse trecho é preciso que eles desviem pela rua, pois a calçada está totalmente ocupada pelas carcaças. Em certo ponto, quem estiver a pé precisará se arriscar um pouco mais, andando pelo meio da rua, pois parte da via também foi tomada pelos veículos.

Procurada, a Semadur informou que encaminhará uma equipe para fiscalizar os locais. Caso seja constatada alguma irregularidade, os responsáveis serão notificados.

“Nestes casos, o proprietário será notificado conforme o Artigo 77, do Código de Polícia Administrativa Lei Complementar n. 2.909. Sobre a questão de veículos abandonados, a Semadur só irá atuar quando o veículo se caracterizar como sucata, por exemplo, quando não possuir mais rodas, motor, faróis e bancos. Caso contrário, a Saúde Pública será ser acionada. Caso estejam estacionados de forma irregular, a Agetran será acionada para fiscalizar”, explicou a nota.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *