Campo Grande abriu o mês de julho com uma tragédia ao registrar mais um feminicídio no ano, o quinto desde o início de 2023, mas esse com requintes de crueldade no Parque do Lageado. A semelhança entre quatro dos cinco crimes cometidos contra as mulheres é que elas foram assassinadas com golpes de facas.
A quinta vítima de feminicídio em Campo Grande foi Karolina Silva Pereira, de 22 anos, mas ela foi morta com um disparo de arma de fogo provocado pelo seu ex-namorado, Messias Cordeiro da Silva, de 25 anos.
“Como o crime acontece no âmbito doméstico, na casa, a única arma às vezes que ele tem é uma arma branca, que no caso seria a faca”, disse a delegada Analu Lacerda Ferraz. A explicação para esses casos ganhou um retoque a mais com o comentário da delegada-titular da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), Elaine Benicasa.
“A faca propicia a aproximação. Obviamente os crimes cometidos dentro do ambiente doméstico proporciona essa aproximação do autor a vítima com momentos geralmente de raiva, de discussão, no interior da residência é o primeiro instrumento que eles encontraram e praticam o crime”, comentou.
A capital sul-mato-grossense teve registros de feminicídios com crimes de facas em janeiro, fevereiro, junho e julho. Relembre cada um deles.
Feminicídio de Claudineia
Claudineia Brito foi atingida por um golpe de faca em seu pescoço durante a tarde do dia 13 de janeiro, no bairro São Francisco. O acusado de cometer o crime foi seu próprio marido, de 41 anos, que também chamou a polícia naquela oportunidade.
A apuração da reportagem trouxe naquele dia, que o casal bebia durante toda a tarde quando houve o desentendimento e consequentemente a facada, que resultou em um corte grave. Ela chegou a ser encaminhada para a Santa Casa, porém, não resistiu.
Esse foi o primeiro feminicídio do ano em Campo Grande. O marido segue preso e responderá pelo crime cometido.
Crime contra Albina
O segundo registro de feminicídio na capital sul-mato-grossense aconteceu no dia 28 de fevereiro, quando Albina Freitas Ribas, de 49 anos, orientadora de uma escola, foi brutalmente atacada pelo seu ex-marido Jair Paulino da Silva, de 52 anos – encontrado morto em uma cela do presídio recentemente.
Ela estava no estacionamento de um supermercado no Jardim Anache, quando Jair desferiu um tapa contra ela. O celular de Albina voou por cerca de quatro metros. Logo depois, ele sacou uma faca do cós do short e passou a golpear a mulher. A mulher tenta se defender usando o braço, mas em dado momento, ele mantém a cabeça dela abaixada e dá várias estocadas na nuca.
Albina chegou a ser socorrida e encaminhada às pressas para a Santa Casa, mas diante da gravidade dos ferimentos, não resistiu e faleceu, sendo a segunda vítima das mãos dos agressores.
Brenda assassinada na frente do filho
Brenda Possidonio de Oliveira, de 25 anos, morreu com uma única facada em seu pescoço. Ela foi golpeada pelo seu namorado, Lyennan Camargo de Mattos Oliveira, de 25 anos, no final da noite do dia 29 de junho, no Portal Caiobá.
O crime teria sido cometido após ciúmes e discussão, que levaram Lyennan a desferir a facada na jovem, mesmo na presença do filho dela, de 7 anos. O rapaz fugiu do local. Ele tentou tirar a própria vida, mas foi impedido por familiares.
Natali Gabrieli morta com múltiplas facadas
Natali Gabrieli da Silva de Souza, de 18 anos, talvez seja o crime de feminicídio mais cruel até o momento. Ela foi atingida por cerca de 15 facadas pelo seu marido Cleber Correa Gomez, de 30 anos, e ainda atingida com uma garrafada na cabeça na rua Maria Samper Del Horno, onde morava. Ela faleceu após correr para a rua Leopoldina de Queirós Maia.
O casal passou a madrugada brigando durante uma festa na residência e antes de crime o autor quebrou o celular da vítima, a agrediu e quebrou uma garrafa de cerveja em sua cabeça.
Ele também a perseguiu pela rua enquanto ela pedia por socorro. Com ódio ele esfaqueou a companheira mesmo ela suplicando para não morrer.