Em virtude da ocorrência de casos de mortalidade de bovinos no Estado de Mato Grosso do Sul na última semana, a Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) e Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul) orienta os produtores rurais:
Propriedades que tiveram ocorrência de casos de mortalidade acima dos parâmetros considerados normais devem reportar esta situação imediatamente à IAGRO.
O Serviço Veterinário Oficial (SVO) está realizando a inspeção veterinária dessas ocorrências para realizar a baixa do estoque/ saldo. Situações em que a visita da IAGRO não seja possível, o produtor deverá apresentar um laudo veterinário particular para realizar a baixa do seu estoque.
A mortalidade de animais por hipotermia pode variar conforme o estado nutricional/escore corporal dos animais, da presença de abrigos para proteção (naturais ou artificiais), da idade e raça dos animais acometidos, da distribuição das mortes nos diferentes pastos da propriedade e localização dos cadáveres dentro de um mesmo pasto.
Os animais de criação são suscetíveis a temperaturas extremas, sendo esses eventos definidos por dois parâmetros:
- o limiar de temperatura, que caracteriza a intensidade do calor ou do frio,
- a duração, que é o número de dias consecutivos com temperaturas diferentes do limiar.
As variações térmicas podem ocasionar tanto efeitos imediatos como tardios na saúde dos rebanhos, podendo ser intensificada quando a exposição a tais condições é prolongada.
Quando o desafio dos animais é prolongado pode ocorrer dificuldade ou incapacidade do gado de se recuperar, com prejuízo do desempenho e das funções fisiológicas, o que pode ocasionar problemas de saúde clínicos ou subclínicos e até a morte dos animais desafiados. Os estudos se concentraram principalmente nas reduções relacionadas ao calor no consumo de ração, na produção de leite, na taxa de crescimento e no desempenho reprodutivo (KADZERE et al., 2002; HAHN, 1999; SILANIKOVE, 2000).
A hipotermia ocorre quando a temperatura corporal cai abaixo do normal, podendo ser classificada em bovinos como leve, moderada e severa. Quando a diminuição acentuada da temperatura ambiente ocorre simultaneamente com precipitação pluviométrica e ventos a ocorrência de mortalidades em bovinos é facilitada. As diferenças entre raças, tipos de pele e de pêlos (SANTOS et al., 2012; RADOSTITS et al., 2000; COLLIER et al., 2019; MALDIN et al., 2016; HILLMAN et al., 2008).
Episódios anteriores de mortalidade em decorrência das condições climáticas no estado já foram descritas como propícias de ocorrência de modo cíclico. O estado nutricional dos animais, a baixa disponibilidade e qualidade das pastagens, bem como a ausência de abrigos naturais ou artificiais para proteção desses indivíduos contra a mudança climática brusca, com queda da temperatura associadas a ventos fortes e chuvas, podem favorecer os casos de mortalidade por hipotermia. (SANTOS et al., 2012).
Algumas medidas podem servir como fator de proteção e maior conforto térmico para os animais a campo, como: recolher os animais em piquetes/ invernadas com capões de mata que servirão de proteção aos animais contra os ventos gelados e as temperaturas a céu aberto; em piquetes/ invernadas com barreiras naturais ou artificiais que sirvam de barreiras para amenizar as correntes de ar geladas; evitar deixar os animais em invernadas localizadas ao longo de corpos de água; procurar abrigar os animais debilitados ou mais sensíveis em piquete ou curral próximos (para melhor suporte desses), cuidar da suplementação do rebanho devido a danos provocados pelas baixas temperaturas às pastagens (forragens, volumoso ou concentrados), entre outros (OLIVEIRA & ROSA, 2021).
Abaixo temos um mapa demonstrando os municípios nos quais foram notificados casos de hipotermia de acordo com a quantidade de animais mortos até dia 19 de junho de 2023.