Quantas famílias formadas por mães solo você conhece? Certamente, não são poucas. Mas e o contrário? Quando a mãe sai de casa e o pai fica responsável pela guarda da criança? É bem mais raro. Em uma série documental chamada The Last Taboo, três mães contam o que as levou a tomar a difícil decisão de abrir mão da guarda de seus filhos e como enfrentam o julgamento da sociedade por isso.
Uma delas é Rebecca, que mora em Londres. Ela conta que nunca quis se casar e ter filhos, mas, aos 23 anos, conheceu um homem da Estônia e se apaixonou. Eles foram morar juntos em uma quitinete e ela acabou engravidando. O casal não tinha uma estrutura para criar um bebê em Londres e, então, tomou a decisão de se mudar para a Estônia, o país natal dele. Rebecca conta que achou a gravidez incrível, mas, quando o bebê nasceu, em outro país, ela se sentiu um “pássaro engaiolado”.
“Um dia depois, eu já pensei: ‘Não, não está tudo bem, eu tomei a decisão errada’. Estava prestes a enfrentar a situação mais assustadora da minha vida, e eu tinha deixado tudo para trás. Quando meu filho tinha semanas de vida, eu queria fugir, desesperadamente. Eu queria ir para casa. Eu me sentia um pássaro engaiolado, relata. “Eu sabia que, embora eu estivesse achando tudo muito difícil, eu não poderia ir embora. Era como um pesadelo, que tinha dado terrivelmente errado. É estranho para uma mãe e seu bebê tão pequeno estar tão triste e infeliz”, lembra.
Rebecca contou que quando o pequeno tinha quase 2 anos, ela foi convidada para o casamento de seu irmão, na Inglaterra. Foi aí que ela percebeu que esse era o momento perfeito para voltar para casa de vez. Como não achava que tinha força o suficiente para criar o filho sozinha, ela foi para lá sem ele, embora tenha ficado muito nervosa, porque nunca tinha visto uma mãe deixar o filho antes. “Se fosse um homem, eu não estaria aqui, sentada, dando essa entrevista. É a coisa mais normal do mundo os homens fazerem isso. Mas nunca conheci uma mulher que tivesse feito”, compara. Agora, ela vê o filho várias vezes por ano. “É uma relação muito tátil, muito aconchegante, muito amorosa. É diferente, com certeza, em comparação a outras relações entre mãe e filho, mas é linda. Tem muito amor”, explica.