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Vizinho mata policial “hipster da Federal” a tiros em chácara

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O agente da Polícia Federal, Lucas Soares Dantas Valença, mais conhecido como o “hipster da Federal”, de 36 anos, foi alvejado a tiros às 23h30 de quarta-feira (2.mar.22), numa chácara próximo a Buritinópolis, no interior de Goiás.

Segundo o registro de ocorrência, o hipster teria tentado entrar à força na casa em uma chácara vizinha a sua. Ele gritou com os verdadeiros moradores do local para que saíssem da sua casa, que “ele era policial”. No imóvel estavam o proprietário Marcony Pereira dos Anjos, de 29 anos, sua mulher e o filho do casal, de 3 anos.

De acordo com a advogada da família do hipster, Sindd Lopes, acredita-se que o hipster estava “em surto”.

Após desligar a energia, o policial federal quebrou a porta de vidro da casa, Marcony deu um único disparo de calibre 22, que atingiu abaixo do peito do hipster.

— A família foi totalmente pega de surpresa. Não entendemos que houve um assassinato, e sim legítima defesa. Mas ele não arrombou a casa. Ele achava que aquele era o rancho dele. Por isso, tentou entrar na residência. Estava perdido e em surto — contou a advogada, que passou a ajudar os familiares devido à repercussão do incidente.

Segundo ela, Lucas conhecia o vizinho que o matou e não tinha nenhuma inimizade com ele.

A família tem um rancho no local desde que ele é pequeno. Era, inclusive, um dos seus lugares favoritos, onde cultivava  — e colecionava — plantas de bonsai. O hipster também utilizava o “rancho”, como os familiares chamam a residência, para abrigar cães abandonados que ele achava na rua e depois encaminhava à adoção — os últimos três foram o Sansão, Dalila e o Trovão — com quem ele postou fotos nas redes sociais.

— Ele ajudava financeiramente várias ONGs de animais. Era uma pessoa amorosa e sensível. E estava num momento de se cuidar. Não bebia, não fumava e era vegetariano. Estava totalmente adepto à ioga e meditação. E era muito conectado à natureza. Ele ia quase todo fim de semana para a chácara — descreveu a advogada.

Formado em engenharia elétrica pela Universidade Federal de Goiás, o hipster ingressou na Polícia Federal por meio de concurso em 2013 e integrava o Comando de Operações Táticas da corporação. No grupo, ele chegou a fazer a escolta de presos da Operação Lava Jato — a que lhe rendeu a fama e o apelido foi a do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.

Atualmente ele morava com a família em Brasília. O pai biológico dele havia morrido num acidente de carro, quando ele ainda era bebê. O agente da PF foi criado pela mãe e o padrasto, que são bastante religiosos e estão muito abalados com o ocorrido.

A advogada afirmou que a família não pretende entrar com queixa contra o vizinho por entender que ele agiu em legítima defesa — Foi questão de doença mesmo —, finalizou a adavogada.

A Polícia Civil de Goiás disse, no entanto, que vai abrir um inquérito para apurar se o dono da casa realmente agiu para proteger a si mesmo e a sua família — Segundo relatos do autor, ele estava em sua casa com sua filha de 3 anos e sua esposa, quando começou a ouvir gritos do lado de fora, dizendo: “Saiam todos de casa, senão vou entrar e matar”. Neste momento, temendo por sua vida e de sua família, ele narra que pegou sua arma de pressão modificada para calibre 22. A vítima, então, desligou o padrão de energia e arrebentou a fechadura da porta. Neste momento, o autor disse: “Não entre, estou armado”. E, segundo ele, mesmo assim ele entrou e foi para cima do autor, que desferiu um único tiro — detalhou o delegado Adriano Jaime, responsável pelo caso.

Amigos e a advogada comentaram que o hipster estaria sofrendo depressão profunda e fazendo tratamento com um terapeuta desde o início da pandemia de Covid-19. A suspeita é que ele sofria de bipolaridade, mas não havia saído o diagnóstico ainda. O surto — “o primeiro que ele teve”, disse a advogada — teria acontecido quando ele decidiu fazer uma caminhada noturna pela região, sozinho, desarmado e sem celular, cujo sinal não pega direito na área rural. E não encontrou mais o caminho de volta para a chácara.

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